O livro A Mística Feminina, Betty
Friedan (1963) põe em debate a angústia e a insatisfação constante vivenciada pelas mulheres das décadas de 40 e 50 do século passado, seria um “mal sem nome”.
O livro foi resultado de anos de pesquisa da autora, que entrevistou diversas mulheres que seguiam os preceitos impostos em suas épocas, e que sempre reclamavam desse descontentamento. Princípios que impunham as atividades estritamente ligadas à atuação da mulher em casa, como limpeza do lar, educação dos filhos e satisfação do marido.
Friedan determinou que esse “mal sem nome” era causado por uma crise de identidade da mulher, desenvolvida por uma educação que não estimulava a personalidade feminina. Ela o denominou como “mística feminina”.
Para a autora, a mistificação da mulher iniciou pós a crise de 1929 e da Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto, a educação da mulher era voltada para a satisfação e bem estar de seu marido e de sua família. Dessa forma, a mulher, desde criança, não era educada a se tornar independente, e sim a desenvolver as habilidades necessárias para ser uma “esposa ideal”. Para tais mulheres o exercício de uma profissão equivalia à perda de sua feminilidade
Friedan percebeu que ao longo dos anos a mulher se sentia frustrada por vetar suas próprias vontades em prol das de seus familiares, e acabava por desenvolver distúrbios psi
cológicos, como depressão. Ao mesmo tempo, a sociedade e a mídia também buscavam absorver dessa mulher sua passividade, não se importando em mantê-la sem identidade e com seus distúrbios psíquicos. De acordo com a autora, essa insatisfação feminina de certa forma era interessante para o mercado, pois uma das saídas da mulher para a busca de um contentamento vinha através do consumismo. O consumismo feminino até hoje é abordado em anúncios publicitários. Quantos não são as peças publicitárias que vendem o serviço dos shoppings centers, e que trazem a mulher como foco da peça e como público alvo?
No último capítulo de sua obra Betty Friedan considera que o que poderia por fim à referida “mística” seria um empreendimento de esforços mútuos de toda a sociedade em volta da mulher, principalmente da mídia, a fim de impedir que as jovens desejassem apenas serem donas de casa.
Realmente, o desejo de ser dona de casa não é predominante entre as jovens do século XXI. No entanto, a forma como a mulher é tratada na mídia, e a pressão feita para que ela consiga com sucesso realizar as tarefas de casa somada as que ela deseja é enorme, e atualmente, essa questão está presente em diversos anúncios.
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